Concursos primeiro semestre: 186 projetos, 940 artistas

No primeiro semestre deste ano, a Fundação GDA apoiou financeiramente, através dos seus programas, 186 projetos envolvendo um total de 940 artistas. Nesse período, o montante global investido pela fundação nos programas de apoio ascendeu aos € 769.369,92.

Os programas de apoio da Fundação GDA encerrados nos primeiros seis meses de 2018 resultaram num investimento global de € 769.369,92, distribuídos por 186 projetos que envolveram 940 atores, músicos e bailarinos, de acordo com os números apurados pelo Departamento Cultural da fundação.

Recorde-se que, a Fundação GDA procura atuar, através dos seus programas de apoio, sobre as dinâmicas da produção e da criação artística. Dessa forma, os apoios são orientados para o papel específico de atores, bailarinos e músicos, visando diretamente o seu trabalho, as suas carreiras e as oportunidades de exercício profissional. Não se trata de apoios genéricos às Artes, mas aos artistas, suportando as despesas com eles diretamente relacionadas, como cachets, deslocações e seguros, entre outras.

Segundo os dados referidos, à primeira fase do concurso de Apoio à Edição Fonográfica de Intérprete 2018, concorreram 132 projetos, tendo um júri externo decidido apoiar 45 – 30 com € 2.500,00 e 15 com € 5.000,00. O montante total desta fase foi de € 150.000,99. Os projetos selecionados neste concurso envolvem um total de 256 artistas intérpretes.

No caso do programa de Apoio a Espetáculos de Teatro e Dança, o júri analisou 105 candidaturas, tendo selecionado 21, pelas quais foi distribuído o montante de € 156.000,00. Este programa apoia a produção e apresentação pública de projetos nos domínios do teatro, da dança e dos cruzamentos disciplinares, contribuiu assim para que o desenvolvimento da atividade profissional de 133 atores e bailarinos.

Na área do cinema, o número de projetos que concorreram ao programa de Apoio a Curtas-metragens cifrou-se no 89, tendo sido selecionados 37, envolvendo 234 atores. Os projetos escolhidos pelo júri deste programa obtiveram um apoio global de € 175.000,00.

Uma parte do investimento da Fundação GDA é canalizado para o programa de Apoio a Bolsas de Qualificação e Especialização Artística. Este ano foram submetidas ao júri externo do concurso 74 candidaturas, tendo sido concedido apoio a 47 (e a igual número de artistas): 34 na área da música, cinco na área da dança e seis na área do teatro. O montante global ascendeu aos € 200.000,00.

Das 35 candidaturas à primeira fase do programa de Apoio à Circulação de Espetáculos, o júri deliberou apoiar 28, envolvendo um total de 249 artistas. O montante global desses apoios ascendeu aos € 73.369,92, possibilitando a exibição pública de 28 projetos de música, teatro e dança, em Portugal e no estrangeiro.

Outro incentivo à apresentação de artistas portugueses, neste caso os músicos, é o novo programa de Apoio a Showcases Internacionais que suporta deslocações de bandas portuguesas convidadas a apresentarem-se em festivais para profissionais no estrangeiro. No primeiro semestre do ano, este apoio possibilitou a apresentação de 21 artistas portugueses em festivais que funcionam como montras profissionais e plataformas de encontro entre artistas, editoras e produtores.

Programa de Apoio

Artistas Intérpretes Apoiados

Montantes

Edição Fonográfica de Intérprete: 1.ª Fase 256 € 150.000,00
Showcases Internacionais 21 € 15.000,00
Espetáculos de Teatro e Dança 133 € 156.000,00
Circulação de Espetáculos: 1.ª Fase 249 € 73.369,92
Bolsas de Qualificação 47 € 200.000,00
Curtas-metragens 234 € 175.000,00
Total 940 € 769.369,92

 

© Foto: Diana Quintela

Protocolo com a Ordem alarga ações de sensibilização aos advogados

A Fundação GDA promoverá a partir, deste outono, mais uma série de ações de formação tendo em vista a transmissão, aos artistas e agentes culturais interessados, de conhecimentos sobre a legislação que regula os direitos da atividade artística.

Destaque nesta área para o protocolo celebrado em abril passado entre a Fundação GDA e a Ordem dos Advogados (OA), que visa complementar a formação dos advogados em matéria de propriedade intelectual, na sua vertente de Direito de Autor e Direitos Conexos. Este protocolo, cuja execução terá início brevemente, permitirá a realização de ações específicas para advogados em todo o território nacional, através das estruturas próprias da Ordem.

Lançado em 2017, o programa de Ações de Sensibilização sobre Direitos de Autor e Direitos Conexos pretende desmistificar a complexidade inerente a estas temáticas e envolveu, numa primeira fase, dez escolas superiores de teatro, música e dança. O mesmo tipo de formação foi posteriormente disponibilizado gratuitamente a organizações de produção artística, organizações profissionais e agentes culturais e artísticos diversificados, públicos e privados.

Asseguradas por um painel de juristas especializados, as novas ações constituirão mais uma oportunidade para jovens artistas em fase final da sua formação e início de carreira profissional desenvolverem conhecimentos sobre esta temática, assim como para obterem esclarecimentos sobre os mecanismos de proteção às carreiras profissionais dos artistas intérpretes, disponibilizadas pela GDA e pela Fundação.

Uma das ideias subjacentes a este projeto foi sempre a de alargar esse trabalho de divulgação e sensibilização a outras entidades da sociedade civil. Com a concretização do protocolo assinado com a Ordem dos Advogados, foi dado um passo decisivo nesse sentido.

A finalidade desta parceria é a de complementar a formação dos jurisconsultos em matéria de propriedade intelectual, na sua vertente de Direito de Autor e Direitos Conexos, numa altura em que uma parte significativa dos cursos de Direito ainda não integra essas matérias nos seus curricula.

Asseguradas pelo seu corpo de formadores especializados, a Fundação GDA garante gratuitamente ações de formação com a duração de três horas, as quais podem ser solicitadas AQUI.

 

Distribuição das remunerações de direitos conexos de audiovisual relativos a 2015 e 2016

A GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas vai colocar a pagamento durante o mês de setembro as remunerações de direitos conexos do audiovisual relativas aos anos de 2015 e 2016. O direito a levantar estas remunerações prescreverá, nos termos da lei, três anos depois, em setembro de 2021.

Segundo o Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e legislação complementar, a GDA, entidade que em Portugal gere os direitos de propriedade intelectual de atores, bailarinos e músicos, tem legitimidade para cobrar, gerir e distribuir as verbas resultantes dos direitos conexos ao direito de autor de atores, bailarinos e músicos.

A remuneração dos direitos conexos obtém-se através da aplicação e cobrança de uma tarifa aos diferentes tipos de utilização das obras em causa. No cumprimento da aplicação do princípio de justiça na repartição e distribuição dos rendimentos cobrados, estes são distribuídos de acordo com critérios objetivos que têm por referência as características da utilização que lhes deu título. Ou seja, distribuem-se os direitos cobrados utilizando listagens reais das utilizações e atendendo à respetiva duração, share e audiência.

Condição necessária à atribuição das remunerações é que os artistas titulares de direitos tenham declarado as respetivas participações nas obras que os geraram junto da GDA.

Para declarar o seu repertório, aceder a informação sobre a gestão dos seus direitos conexos, tal como as obras que os geraram e respetivos valores, os artistas cooperadores deverão aceder à sua área reservada no Portal GDA.

Para esclarecer qualquer dúvida ou para obter mais informações, os artistas abrangidos devem entrar em contacto com o seu gestor de repertório.

Projeto #makethemost terá mais duas sessões em 2018

A lotação para a primeira edição do projeto #makethemost (Fundos Europeus para as Artes e a Cultura), que decorreu dia 2 de julho, no espaço do Pólo das gaivotas, esgotou poucos dias após o anúncio público da sua realização. Entretanto, quem ainda quiser saber como tirar o máximo proveito dos fundos Europeus para projetos culturais, poderá inscrever-se numa das sessões que já estão confirmadas até ao final do ano: a próxima será já no dia 17 de setembro, nas instalações da GDA em Lisboa. A seguinte, a 19 de novembro no espaço da Culturgest.

Esta iniciativa promovida pela Fundação GDA, com produção da Mapa das Ideias e A Reserva, visa aproximar a comunidade artística portuguesa dos fundos europeus e tem como objetivo motivar os artistas e transmitir-lhes conhecimento de como aproveitar melhor os fundos europeus para os seus projetos.

O #makethemost assenta na realização de sessões informais, que pretendem fomentar o diálogo e a troca de experiências, facilitando o acesso à informação sobre os financiamentos da União Europeia. Tudo isso enquadrado num ambiente informal de tertúlia ao final da tarde.

A sessão de 17 de setembro centra-se no Programa Erasmus+, Ação-chave 2 (KA2) – Cooperação para a inovação e o intercâmbio de boas práticas (Parcerias Estratégicas), em especial no aviso que atualmente se encontra a decorrer “Parcerias estratégicas no domínio da juventude”. 

“O objetivo desta sessão é apresentar as oportunidades de financiamento neste programa”, explica Francisco Cipriano, especialista em fundos Europeus e mentor da iniciativa. Para tal, serão dados a conhecer projetos ganhadores neste domínio, o Arts in Action da Pr’Animação – Associação de Animação Cultura – e o BeMore, constituído por uma parceria que envolve os municípios de Azambuja, de Moya (Espanha, Canarias) e de Castel Bolognese (Itália).

O projeto #makethemost surgiu em 2018, na sequência do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos dois anos, como uma das respostas da Fundação GDA à necessidade de criar mecanismos e metodologias para aprofundar a capacidade de relacionamento do setor artístico nacional com este universo. Este projeto não se ficará pelas três sessões de 2018, estando prevista a realização de mais seis sessões no ano seguinte, em diversas regiões do país.

“Com esta iniciativa, a Fundação GDA quer assumir um papel de catalisador, mediador e facilitador dos elementos que proporcionem uma maior fluidez na informação sobre programas comunitários dos quais os artistas possam beneficiar”, diz Mário Carneiro, diretor-geral da Fundação GDA.

Clicar aqui para saber mais sobre a 2.ª sessão

Um novo canal para comunicar com os artistas

O lançamento de um novo canal de comunicação da GDA e da Fundação GDA, sob o formato de uma newsletter regular, de periodicidade trimestral, destina-se a ampliar e favorecer junto dos cooperadores da GDA em particular, e dos artistas em geral, o acesso a uma informação sólida e detalhada sobre os principais projetos, programas e reflexões que constituem a nossa atividade e caracterizam a vida das duas organizações.

O modelo agora adotado, além de multiplicar as formas de comunicar a nossa ação, cumpre o objetivo prioritário de reforçar a ligação existente entre a GDA e a sua Fundação com os artistas. Pretende-se igualmente contribuir para sedimentar o papel institucional que nos cumpre garantir e, ao mesmo tempo, responder e comunicar mais diretamente sobre as necessidades, dúvidas, inquietações e oportunidades consideradas na ação que desenvolvemos diariamente.

Nesta perspetiva, esta newsletter, que deverá ser subscrita pelos interessados, irá conter informação específica sobre os principais factos ocorridos em cada trimestre, destacando os projetos, programas de apoio e iniciativas em curso, ou em preparação. Dará ainda oportunidade para refletir sobre temáticas relevantes, dar a conhecer opiniões diversas, informar sobre aspetos práticos, facilitar agendamentos, revelar curiosidades.

Estamos empenhados num objeto de comunicação que pretendemos útil, atraente, acessível e rigoroso; empenhados em criar laços duradouros e frutuosos com todos os artistas, ao serviço da cultura, das artes e do País.

Prémio Atores de Cinema regressa com jornadas de trabalho

Na Fundação GDA já se entrou em contagem decrescente para a XI edição do Prémio de Atores de Cinema. A cerimónia decorrerá na noite de 4 de dezembro, no Teatro da Trindade. Os objetivos deste prémio são divulgar e prestar homenagem pública ao trabalho de interpretação dos atores portugueses. Antes de se proceder à entrega dos prémios, o dia será ocupado pelas “Jornadas de trabalho para atores”, que consistem numa série de ações focadas nos temas da formação de atores e na gestão das suas carreiras profissionais.

Este prémio foi instituído em 2008 com o intuito de reconhecer o mérito artístico e a excelência do trabalho de interpretação de atores e de atrizes, realizado em obras cinematográficas de longa-metragem portuguesas, de ficção, estreadas durante o ano anterior à atribuição dos prémios, que tenham tido estreia comercial em sala entre 1 de janeiro e 31 de dezembro. O prémio compreende três categorias – Melhor Ator/Atriz Principal, Melhor Ator/Atriz Secundário(a) e Novo Talento – e atribui prémios pecuniários no valor de, respetivamente, €3.000, €2.000 e €1.000.

Um dos traços distintivos deste Prémio é tratar-se de um reconhecimento entre pares: são prémios de interpretação atribuídos a atores por atores. Os desempenhos artísticos são avaliados por um painel de três atores convidados pela Fundação GDA, o qual muda todos os anos. Na sua avaliação, o júri atende à qualidade, excelência e mérito do trabalho de interpretação dos atores e atrizes nas obras analisadas.

Uma vez que o foco primordial deste prémio é o trabalho dos atores, a iniciativa não se esgota numa cerimónia de entrega de galardões. Esta é antecedida pelas “Jornadas de trabalho para atores”, um conjunto de ações focadas na formação de atores e na gestão das suas carreiras, que decorrerão durante todo o dia da cerimónia no Teatro Trindade. Ministradas por atores, realizadores, produtores e outro profissionais do meio, as jornadas centram-se nas diferentes vertentes do trabalho de ator. Consistem em palestras, masterclasses e em sessões chamadas “Encontros com a Experiência”, durante as quais atores com anos de carreira bem sucedida partilharão o seu conhecimento do meio com jovens atores e estudantes.

Em relação ao programa das jornadas, são já conhecidos alguns dos seus pontos:

  • Tudo começará com uma palestra sobre a gestão de carreiras;
  • Segue-se uma masterclass em torno de aspetos como a realização de um showreel, a preparação para audições e a atuação para as câmaras;
  • No debate intitulado Atores e realizadores – uma jornada construtiva, procurar-se-á estabelecer pontes, discutir parcerias e abordar os diferentes modos de colaboração no trabalho dos atores e realizadores;
  • As jornadas terminam com mesas redondas intituladas Encontros com a experiência, durante as quais a geração de atores mais jovens poderá ouvir os conselhos de três artistas veteranos sobre como enfrentar inquietações e dúvidas do início de carreira.

“A fórmula da GDA e Fundação GDA é extraordinária e lógica”

Escritora, ensaísta, jornalista. Cláudia Galhós é tudo isto. É, sobretudo, especialista em artes performativas. Presentemente, a autora de Pina Bausch e O Tempo das Cerejas, entre outros títulos, tem em mãos um projeto de livro dedicado às iniciativas, programas e políticas desenvolvidas pela GDA e pela Fundação GDA nos campos da ação cultural e social.

Trata-se de uma análise do caminho percorrido ao longo de uma década e de um olhar para o património, intelectual, económico, social e simbólico entretanto acumulado. Um trabalho que vai aferir o impacto da ação da GDA e da sua fundação no tecido criativo nacional e no papel público do artista intérprete na sociedade.

 

Tem feito um trabalho de sapa nos arquivos da GDA e da Fundação GDA. Qual a sua impressão, depois mergulhar neste trabalho?

Encontrei aqui uma perspetiva inteligente, generosa, justa e realista. O que sobressai imediatamente é o uso com integridade, e fundado nos valores essenciais de uma sociedade justa, dos recursos gerados pela sociedade capitalista para, sem a pôr em causa, investir e promover um dos seus pilares fundamentais: a cultura. E isso é extraordinário! E devo realçar que contei também com o trabalho realizado pela Carmo Burnay, a qual efetuou um levantamento labiríntico, em termos de números, documento a documento.

Como assim?

A GDA foi criada em 1996 para cobrar os direitos conexos dos artistas, intérpretes e executantes, fazendo por estes a distribuição proporcional das receitas que o seu trabalho gerou. Por imperativo legal, criou, dez anos depois, um fundo social e um fundo cultural para o qual tinha de alocar um mínimo de 5% das receitas cobradas. Essa percentagem representa um gesto altruísta de cada artista cooperador que abdica na distribuição de direitos e que reverte para um bem comum.

Ao criar a Fundação GDA, em 2009, para gerir esses fundos, alargou o âmbito da sua intervenção, passando a abranger não apenas os artistas cooperadores da GDA, mas toda a área artística, incluindo aqueles que trabalham na expressão mais experimental e alternativa, que não geram diretamente recursos financeiros. Ou seja, há um gesto inverso àquele que fundamenta o preconceito, que considero justo, relativamente à indústria cultural: a fundação vai alargar o âmbito de intervenção da cultura à arte, sustentada numa visão de sociedade de cidadãos emancipados, numa ideia de futuro, de civilização. Depois, em termos do que disponibiliza para esse investimento foi mais longe do que era a sua obrigação legal quando, em Assembleia-Geral de cooperadores se decidiu alocar um contributo mais generoso para as áreas social e cultural: 15 por cento. Isso aconteceu porque houve pessoas, como o Pedro Wallenstein [presidente da GDA], entre outros, que entendem não bastar fazer os mínimos para que o investimento nos artistas seja significativo e não apenas simbólico.

 

Qual a particularidade do posicionamento da GDA e da sua fundação no contexto dos apoios à atividade artística?

A GDA e a Fundação reconhecem que há uma lógica de funcionamento de um mercado de produção de bens. Neste caso, bens culturais. Esses têm um valor quantitativo e económico, mas também têm um valor qualitativo e simbólico fundamental. A articulação entre os dois multiplica o valor de ambos e contagia-os com um valor que, isolados, não teriam: valor material e imaterial, financeiro e imagético. Essa lógica funciona, gera dinheiro e viabiliza uma ideia de futuro sustentada na arte e na cultura como alicerces essenciais.

A GDA cobra e distribui o dinheiro gerado pelo trabalho dos artistas intérpretes e executantes. Depois, introduz um elemento ético e moral ao canalizar, através da fundação, uma percentagem das receitas para programas e iniciativas que têm um valor que podemos designar de justiça social. É o próprio mecanismo de funcionamento do mercado que permite que esse dinheiro seja canalizado para uma ideia mais diversificada e ampla.

Ou seja, as cobranças feitas pela GDA, além de remunerarem o trabalho dos artistas, revertem também para a área artística, cultural e das indústrias criativas, fomentando o desenvolvimento de todo este sector.

Isto é extremamente importante, porque vivemos numa sociedade capitalista em que cada vez é mais difícil as áreas artísticas existirem por elas próprias, o Estado revela-se incapaz de acompanhar o desenvolvimento da massa crítica e criativa que tem surgido e se tem diversificado em Portugal em todas as áreas, e é urgente encontrar fontes de investimento alternativo para as artes – não apenas a cultura ou indústria cultural – se não queremos abdicar de uma ideia de futuro. O mecenato não é suficiente, o apoio do Estado não consegue acompanhar a diversidade existente, instituições emblemáticas neste campo, como a Gulbenkian, estão a reduzir a sua contribuição… Ao mesmo tempo, é também cada vez mais difícil haver uma perceção pública da importância da criação artística e da indústria cultural quando assistimos às tensões criadas por estarem a ser postas em causa outras áreas básicas de salvaguarda do valor humano e do Estado social, como a saúde e a educação.

 

O que torna, para si, o trabalho da GDA e da Fundação GDA um caso de estudo interessante?

 

Se a Fundação GDA e a GDA são capazes de, usando um mecanismo capitalista, diversificar o âmbito de distribuição do investimento aos artistas, incluindo artistas, intérpretes e executantes que não participam, de um modo evidente e direto – apenas evidente e direto, porque participam mas é preciso ter visão para o reconhecer – nesse processo de produção de mais-valias, então é claramente um caso exemplar que prova que é possível pensar uma sociedade que inclua essa diversidade: arte que pesquisa, experimental, com sentido crítico e um mundo mais global de cultura, a indústria cultural.

Este facto é extraordinário: conseguir que os mecanismos da lógica do mercado capitalista funcionem para o bem comum. Cria-se um bem, música por exemplo, que produz dinheiro e remunera o trabalho, gerando um remanescente para ser investido na valorização do trabalho dos artistas, o que acaba também por enriquecer a base cultural e artística da sociedade. Esta fórmula é completamente extraordinária e lógica.

O efeito desse trabalho já é mensurável? Já se sente?

Sente-se a vários níveis. Os números, que estarão plasmados no livro, permitem fundamentar um discurso do valor quantitativo do que está a ser feito. É sobretudo a partir de 2015 que há um salto quantitativo imenso. Embora coincida com um retomar da economia, esse salto deve-se também a uma maior eficácia das cobranças feitas pela GDA e à própria evolução interna e organizativa da fundação. Nesta, assistiu-se a uma complexização das áreas de intervenção e das iniciativas, refletida na diversificação das áreas apoiadas e na forma mais estruturada e regular com que a fundação agora organiza os seus programas de apoio.

No plano qualitativo, os números revelam um imenso território e dinâmicas, quer ao nível do teatro, da dança, da música e do cinema, que só existem graças ao apoio de complemento que a Fundação GDA proporciona ou são muito marcados por ele.

 

Pode dar exemplos?

A circulação de espetáculos de artes performativas é um deles, mais ainda quando se continua a não conseguir resolver a questão da descentralização. O programa de Apoio à Edição Fonográfica de Intérprete é outro exemplo, aqui esse impulso tem permitido que sejam editados vários trabalhos de autor que acabam por ter sucesso, ou pelo menos impacto e reconhecimento comercial. Numa lógica pura de mercado, que filtra a produção mais por critérios quantitativos do que qualitativos, esses projetos não teriam tido a mesma capacidade de se concretizarem. Estes programas são fundamentais para regular essa lógica esmagadora.

Abriu a 2.ª segunda fase do concurso de Apoio à Edição Fonográfica de Intérprete

A 2.ª fase do programa Apoio à Edição Fonográfica de Intérprete 2018, abriu, esta segunda-feira, 10 de setembro, e decorrerá até ao dia 28, devendo os artistas interessados submeter, até essa data, as suas candidaturas através do Portal do Artista.

Condições excecionais permitiram à Fundação GDA aumentar substancialmente a dotação orçamental destinada a este concurso. Dessa forma, tal como aconteceu na 1.ª fase, foi orçamentado, para a segunda, um valor global de € 150.000,00, em vez dos € 75.000,00 inicialmente previstos. Este incremento possibilitará igualmente um crescimento do número de projetos apoiados face ao programado.

Assim, nesta fase, poderão ser apoiados 45 projetos – 15 dos quais com o valor unitário de €5.000,00 e 20 com €2.500,00.

Recorde-se que este concurso visa apoiar projetos de edição fonográfica de intérprete, suportando os custos relacionados com a gravação e produção de novas obras fonográficas. Com ele, a Fundação GDA pretende dinamizar o mercado editorial da música portuguesa, estimular a diversidade das expressões musicais e facilitar o acesso e o usufruto dos cidadãos à criatividade musical.

Uma vez apoiadas, as candidaturas terão de, obrigatoriamente, concluir a produção integral do fonograma no prazo máximo de 18 meses a contar da data de notificação da atribuição do apoio.

À 1ª fase do programa concorreram 132 projetos, tendo o júri independente deliberado o apoio a 45, pelos quais foi distribuído o montante global de € 150 000, 00.

Todas as informações sobre este concurso estão disponíveis online (clique aqui), bem como o Regulamento Geral 2018 de candidatura aos apoios da Fundação GDA e o Regulamento Específico deste programa.

Remuneração equitativa dos artistas nas plataformas digitais volta ao Parlamento Europeu

Regressa ao Parlamento Europeu entre os dias 10 e 13 de setembro a proposta Diretiva Europeia que pretende determinar – em benefício dos titulares de direitos de autor e conexos como músicos, atores e bailarinos – uma remuneração justa e proporcional em todas as formas de exploração na internet, incluindo as utilizações “on demand”.

Esta diretiva já foi posta à votação dos eurodeputados em 5 de julho pela Comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu, procurando uma solução de compromisso entre os diferentes interesses em jogo: recebeu no entanto 318 votos contra, apenas 278 a favor e 31 abstenções. O documento era o resultado da ação dos movimentos de artistas europeus para uma internet mais justa para o seu trabalho, representando um sinal claro contra a persistência de práticas atuais de transmissão de direitos consideradas “inaceitáveis” e “injustas”.

Depois do chumbo verificado em julho, o relator da proposta – o eurodeputado Axel Voss – declarou que alguns dos artigos mais polémicos da proposta de Diretiva podiam ser ajustados, sem perderem o seu sentido original. E, entretanto, os movimentos de artistas e de jornalistas têm intensificado as suas ações em favor desta causa, fazendo circular vários apelos e petições por todos os países europeus. O músico Paul McCartney, dos Beatles, redigiu mesmo uma carta ao Parlamento Europeu onde afirma que “os eurodeputados têm nas suas mãos o futuro da música na Europa”.

Em Portugal a GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas tem agido no mesmo sentido. “Os artistas têm de continuar a lutar pelo seu direito irrenunciável a uma remuneração direta por parte dos provedores de serviços que disponibilizam as suas obras nas plataformas digitais”, afirma Pedro Wallenstein, presidente da GDA. “Os estados europeus devem ser encorajados a legislar no sentido de alcançarem esse objetivo através de mecanismos de remuneração legal”.

A GDA apoia desde o início a coligação de artistas de toda a Europa “Fair Internet for Performers!” (Internet Justa para os Artistas!) e as suas campanhas junto dos organismos europeus para acabar com uma injustiça fundamental: o facto de a maioria dos artistas serem privados da sua remuneração quando o seu trabalho é disponibilizado nas plataformas de “streaming “e de “download”.

“A GDA agradece aos eurodeputados portugueses de vários partidos o apoio contínuo que têm dado a esta luta por uma maior justiça na distribuição da riqueza gerada pelo trabalho dos artistas através das plataformas digitais”, afirma Pedro Wallenstein. “Esperemos que esta sessão plenária de setembro do Parlamento Europeu resolva favoravelmente o impasse criado em julho”.

Concurso de Apoio à Circulação de Espetáculos abre a 24 de setembro

O programa de Apoio à Circulação de Espetáculos destina-se a apoiar a apresentação pública de projetos de música, teatro e dança, em Portugal e no estrangeiro, tendo em vista a circulação de espetáculos e artistas, bem como a divulgação e o desenvolvimento das suas carreiras.

Em 2018, este concurso teve o seu orçamento incrementado, passando a ter uma verba total a distribuir pelas duas fases de €150.000,00 (cento e cinquenta mil euros), face aos €120.000,00 (cento e vinte mil euros) disponibilizados na anterior edição.

Na 1.ª fase, o júri externo composto por Américo Rodrigues, João Carneiro, Luis Tinoco, Madalena Vitorino e Nuno Saraiva, analisou 35 candidaturas, tendo deliberado o apoio a 28 projetos: 4 na área da dança, 20 na área da música e 4 na área do teatro. Nesta fase, foi atribuído um montante total de €73.369,92, ficando o restante afeto à 2.ª fase de candidaturas a este apoio.

A 2.ª fase decorrerá de 24 de setembro a 12 de outubro de 2018 no Portal do Artista, recomendando-se a leitura prévia do Regulamento Geral, do Regulamento Específico e do Aviso de Abertura.

O montante máximo de apoio a atribuir por candidatura é de €3.000,00 (três mil euros), sendo os apoios concedidos a título de comparticipação nas despesas ou encargos dos projetos, nomeadamente aqueles relativos aos custos dos artistas intérpretes ou executantes como cachets, viagens, estadias, alimentação e transporte.

As candidaturas apoiadas no âmbito deste programa terão, obrigatoriamente, de finalizar o circuito de apresentação dos espetáculos previstos no prazo máximo de 12 meses a contar da data da notificação sobre a atribuição do apoio.

 

© Imagem do projeto 9 anos depois, da Associação auéééu, apoiado no âmbito do Concurso de Apoio à Circulação de Espetáculos 2017.

Projeto de Estudo em Dança II com inscrições abertas

Organizado em 3 módulos, num ritmo intensivo, com cerca de 54 horas cada, este projeto resulta de uma parceria com a Fundação GDA, que assume 70% dos custos de formação dos participantes selecionados. Dirige-se a quem desenvolve ou pretende prosseguir uma atividade profissional no âmbito das artes do espetáculo, e tem como objetivo impulsionar os aspetos ligados à interpretação.

Os diferentes módulos incidirão em contextos determinados por áreas de interesse artístico do orientador. No seu conjunto, refletirão as exigências comuns num processo criativo. O programa contempla a transmissão das práticas artísticas do bailarino, com um foco nas questões do domínio e expansão das potencialidades expressivas do movimento e gestualidade, da resposta criativa e dos mecanismos para estimular o imaginário, e dos modos de presença cénica. Simultaneamente, serão programadas sessões de trabalho orientadas por profissionais convidados, cujos contributos serão estratégicos no desenvolvimento do conhecimento e competências objeto do programa.

Calendário

1.º Módulo: 25 a 29 de setembro e 1 a 4 de outubro.
2.º Módulo: 2 a 3 e 5 a 10 de novembro.
3.º Módulo: 3 a 7 e 10 a 15 de dezembro.

As sessões terão uma duração entre 5 e 7 horas diárias; totalizando cerca de 162 horas.

Preçário

Três módulos: € 250
Módulo individual: € 85

Os valores aqui apresentados, incluem a comparticipação de 70% dos custos de formação assumidos pela Fundação GDA.

Data limite de inscrição

16 de setembro de 2018

Formulário de inscrição

Clique aqui para aceder

Mais informação

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Local e Contactos

EIRA – Teatro da Voz (Antigo Teatro da Graça) Travessa de São Vicente, 11 1100-575 Lisboa
T: +351 21 353 09 31 | M: +351 91 255 51 00
www.eira.pt

 

Viana do Castelo recebe rastreio nacional da voz artística realizado pela GDA

Nos dias 30 e 31 de agosto, o Rastreio Nacional da Voz Artística concluirá mais uma etapa do seu circuito pelas capitais de distrito. Desta vez, a iniciativa da GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas – a entidade que em Portugal gere os direitos de propriedade intelectual de músicos, atores e bailarinos – decorrerá na Unidade de Saúde Familiar (USF) Gil Eanes, em Viana do Castelo.

O rastreio resulta de uma parceria entre a GDA, o Ministério da Saúde e o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, cuja Unidade de Voz do Hospital Egas Moniz se distingue como o principal ponto do Serviço Nacional de Saúde na prestação de cuidados de saúde diferenciados na área da voz a artistas portugueses. O objetivo do rastreio nacional é assegurar a possibilidade de diagnóstico precoce de doenças do aparelho vocal em regiões onde os artistas não têm acesso a exames específicos.

Dirigido à comunidade artística do distrito de Viana do Castelo, mas aberto a toda a população, a sua próxima etapa terá lugar nos dias 30 e 31 de agosto, na Unidade de Saúde Familiar Gil Eanes (Largo Infante Dom Henrique, 36, 4900 – 369 Viana do Castelo).

No primeiro dia (30), o rastreio decorrerá entre as 10 e as 13:00 e das 15:00 às 18:00. No dia seguinte, o rastreio começa às 9:00 e interrompe às 13:00, mantendo-se os horários da tarde iguais aos da véspera.

A população poderá inscrever-se nessa USF, ao passo que os artistas deverão fazê-lo diretamente através do site da Fundação GDA. Pessoas que compareçam sem marcação nas instalações da USF Gil Eanes também serão atendidas, caso haja vagas disponíveis.

“Este rastreio nacional é uma forma de chamar a atenção dos cantores e dos atores portugueses para os cuidados regulares que devem ter com o seu aparelho vocal: a exigência permanente a que a voz profissional está sujeita desenvolve algumas patologias que, se não forem detetadas cedo e corrigidas, comprometem a prazo a qualidade do desempenho artístico”, explica Clara Capucho, a cirurgiã otorrinolaringologista responsável pelo rastreio da GDA (ver anexo).

“Para além de cantores e atores, é crucial para a saúde vocal dos portugueses que todas as pessoas, regularmente, façam um exame às suas cordas vocais. É isso que permite fazer o diagnóstico precoce de várias doenças, entre as quais o cancro da laringe”, afirma Clara Capucho. “Há muitos profissionais da voz como professores, jornalistas, advogados, políticos ou padres, entre muitos outros, que têm todo o interesse em verificar a saúde do seu aparelho vocal”.

“A Fundação GDA tem sido uma das organizações que, em Portugal, mais consistentemente tem promovido uma cultura de saúde da voz”, afirma por seu turno Luís Sampaio, vice-presidente da GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas, que acompanha o rastreio.

O Rastreio Nacional da Voz Artística – anunciado no Dia Mundial da Voz de 2017 e que fez o balanço do seu primeiro ano no Dia Mundial da Voz de 2018 – percorrerá todos os distritos e regiões autónomas, assegurando desta forma a possibilidade de se fazer o diagnóstico precoce de várias doenças típicas dos profissionais da voz. Serão muitas centenas de exames em cidades e regiões onde, até à data, os artistas lá residentes não tinham acesso a eles. Antes de Viana do Castelo, o rastreio já passou pelo Hospital Egas Moniz, em Lisboa, e por unidades de cuidados de saúde primários dos distritos de Vila Real, Bragança, Beja, Portalegre, Faro, Évora, Setúbal, Santarém e Leiria.

Curtas-metragens

Programa de apoio à produção de curtas-metragens de ficção nacionais, tendo em vista promover e profissionalizar o trabalho realizado por artistas intérpretes nestas obras, favorecendo a divulgação e desenvolvimento da sua carreira profissional.